Entenda o que pode mudar.
Você sabia que a China acaba de apresentar uma alternativa própria à BIOS, aquele sistema que dá o “start” em qualquer computador antes do sistema operacional abrir? Pois é, o país está desenvolvendo um substituto nacional para essa tecnologia, e isso pode mudar muita coisa no mundo da informática. Mas antes de falar das consequências, que tal entender o que está em jogo aqui?
A BIOS (Basic Input/Output System) é o software básico que faz o computador ligar e reconhecer todos os componentes, tipo o cérebro que acorda o corpo. Sem ela, o sistema operacional nem chega a carregar. O problema é que, desde sempre, esse tipo de tecnologia foi dominado por empresas ocidentais, principalmente americanas, como a Intel e a AMD.
E é aí que a China entra na história. O país decidiu criar o seu próprio substituto para a BIOS com o objetivo de reduzir a dependência de tecnologias estrangeiras, algo que já vem acontecendo em vários setores, especialmente após as tensões com os Estados Unidos.
O que é esse novo sistema chinês
O substituto da BIOS se chama OpenKylin Firmware, e faz parte do projeto KylinOS, um sistema operacional chinês baseado em Linux, criado para uso em larga escala dentro do país. Ele foi desenvolvido por um grupo de empresas e instituições de pesquisa chinesas, com o apoio direto do governo.
A ideia é simples: criar uma cadeia de tecnologia totalmente nacional, que vai desde o chip até o software que inicializa o computador. Assim, a China pode garantir maior segurança, autonomia e controle sobre os próprios sistemas.
O OpenKylin Firmware funciona de forma parecida com a BIOS ou com o UEFI (a versão mais moderna usada nos PCs atuais), mas é open source (código aberto). Isso significa que outras empresas chinesas poderão adaptá-lo livremente para seus equipamentos, sem depender de licenças ou restrições estrangeiras.
Por que a China quer se livrar da BIOS americana
O principal motivo é soberania tecnológica. Em tempos de guerra comercial e sanções, depender de softwares americanos é um risco gigante para a infraestrutura digital do país. Imagine se, de uma hora pra outra, empresas como Intel ou Microsoft fossem proibidas de fornecer atualizações ou suporte para sistemas usados por bancos, governos e empresas chinesas. Seria o caos.
Além disso, a criação de um firmware nacional também traz mais segurança. A China quer evitar o que chama de “portas traseiras” — brechas no código que poderiam ser exploradas por outros países. Com um sistema próprio, o país passa a ter controle total sobre o que está rodando em seus equipamentos.
Impacto para o resto do mundo
A criação de um substituto para a BIOS pode parecer algo distante, mas o impacto é global. Isso porque a China é o maior fabricante de computadores e componentes eletrônicos do planeta. Se as empresas chinesas passarem a adotar o OpenKylin Firmware em larga escala, fabricantes de fora terão que se adaptar a essa nova realidade.
Além disso, essa mudança pode acelerar a fragmentação tecnológica entre Oriente e Ocidente — um caminho que já começou com as redes 5G e os chips semicondutores. Em vez de um ecossistema global integrado, podemos começar a ver sistemas paralelos, cada um com seus próprios padrões e regras.
É bom ou ruim para o usuário comum?
Depende de onde você está. Para os chineses, é ótimo — significa mais independência, mais controle e, provavelmente, um sistema mais adaptado às necessidades locais.
Já para usuários fora da China, especialmente desenvolvedores e fabricantes de hardware, isso pode gerar complicações. Se o OpenKylin Firmware se tornar padrão por lá, vai ser preciso garantir compatibilidade entre diferentes sistemas e firmwares, o que pode encarecer a produção e dificultar o suporte técnico.
Por outro lado, o fato de ser um projeto open source abre as portas para colaborações internacionais e melhorias de segurança, o que é sempre positivo.
O movimento faz parte de algo maior
Essa iniciativa da China não veio do nada. Ela é parte de uma estratégia muito mais ampla chamada Made in China 2025, que busca transformar o país em uma potência autossuficiente em áreas estratégicas, como inteligência artificial, robótica, biotecnologia e semicondutores.
Nos últimos anos, a China vem desenvolvendo chips próprios (como o Loongson e o Kunpeng), sistemas operacionais nacionais (como o Deepin e o KylinOS) e agora, o firmware que faz tudo isso funcionar desde o início.
É como se o país estivesse construindo um ecossistema tecnológico fechado, capaz de sobreviver mesmo se fosse totalmente desconectado do resto do mundo, algo que os Estados Unidos, por exemplo, já não conseguem fazer com a mesma facilidade.
E o que as empresas americanas acham disso?
Bom, elas não estão nada felizes. O avanço tecnológico da China vem acendendo alertas em Washington há anos. Tanto que o governo americano já impôs várias restrições à exportação de chips e softwares para o país.
Agora, com o desenvolvimento de um substituto da BIOS, a China dá mais um passo rumo à independência completa. E isso pode afetar gigantes como Intel, AMD e Microsoft, que sempre dominaram essa camada crítica da tecnologia de PCs.
O futuro dos computadores pode mudar
Se o projeto da China der certo, e tudo indica que vai, é bem possível que vejamos no futuro computadores 100% chineses, desde o chip até o sistema operacional. Isso pode mudar completamente a dinâmica da indústria, criando um novo mercado alternativo ao domínio ocidental.
Claro, ainda é cedo pra saber se o OpenKylin Firmware vai competir de igual pra igual com os sistemas tradicionais. Mas uma coisa é certa: a disputa tecnológica entre China e EUA está longe de acabar.
E, se você acha que isso não tem nada a ver com o seu dia a dia, pense de novo. Essa corrida por independência tecnológica pode afetar desde o preço dos eletrônicos até a compatibilidade de softwares que você usa todos os dias.
A BIOS, que sempre foi algo “invisível” pra maioria dos usuários, está virando um campo de batalha entre potências globais. E quem diria que o simples ato de ligar o computador seria parte de uma guerra silenciosa pelo futuro da tecnologia?
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Publicado em 27 de outubro de 2025
Formada em Letras – Português/ Inglês, idealizadora do Escritora de Sucesso, escreve também para o Great App, expandindo o conhecimento de todos os apaixonados por tecnologia, através de reviews de filmes e séries, review de jogos e as principais notícias do momento.