Review do filme Raymond & Ray ─ O filme Raymond & Ray, de 2022, é uma produção considerada por muitos telespectadores um dos piores lançamentos do ano. O longa segue dois irmãos, que se reencontram após longos anos longe um do outro. 

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Review do Filme Raymond & Ray
Imagem: Reprodução

Review do Filme Raymond & Ray

O filme Raymond & Ray segue dois irmãos, que se reencontram após anos longe um do outro por conta da morte do pai ausente. Independentemente da presença paterna ou não, ambos refletem os homens que se tornaram. 

O diretor e roteirista Rodrigo García, filho do grande Gabriel Garcia Márquez, segue se esforçando para criar produções incríveis como as do pai. Entretanto, ao contrário do pai, ele segue sabiamente um caminho diverso em suas obras. 

O produtor está em atividade há mais de duas décadas, exercendo determinada empatia na criação de seus personagens. Entretanto, isso o impede de propor um olhar distanciado, e também crítico de suas obras. 

As histórias do produtor são assumidamente humanas, mostrando melodrama com frequência, o que pode afastar os céticos ou desconfiados. Isso não é necessariamente ruim. Entretanto, em Raymond * Ray, ele parte de um conflito familiar em busca incansável de acerto de contas. 

A vontade que tudo termine bem supre as pontas soltas que existem no longa, mas os tropeços não devem ser ignorados pelos críticos ou telespectadores. Para dar vida a Raymond, o ator convocado foi Ewan McGregor, o filho mais velho de Harris, o qual nunca chegou a desenvolver uma relação saudável. 

Assim como Raymond, Ray (Ethan Hawke), não desenvolveu uma relação com seu pai ao longo dos anos. Mesmo assim, ambos concordam em comparecer ao funeral do homem, independentemente dele ter demonstrado ou não sentimentos verdadeiros por eles. 

Entre as exigências, está a obrigação dos filhos cavarem a sepultura do pai, com o uso de um caixão simples. A despedida do corpo acontece através do embalsamento, que é aberto à visitação dos entes queridos. 

As pessoas que conheceram o falecido ao longo dos anos o descrevem como alguém carinhoso, bondoso e simpático. E isso é o suficiente para causar um desconforto entre os irmãos, que são de mães diferentes. 

Relações

Entre os personagens, encontra-se Lúcia (Maribel Verdu), mãe do filho caçula da família e que deixa claro que o homem era mais um amigo do que qualquer outra coisa, logo depois dele partir. Nesse sentido, não é impedido demonstrar interesse por Raymond, que devido aos traumas paternos nunca soube se ele faz jus as esposas que teve. 

Por outro lado, Ray também possui fantasmas que tem que lutar, um dos quais escapa em uma noite de bebedeira. Toda a rotina do irmão é interrompida pela presença paterna de Kiera, que ao chegar no funeral tenta uma aproximação com dignidade. 

Cenário

Com um cenário rico em detalhes, mas que por vezes é simétrico, como se para cada encaixe fosse necessário gerar um oposto balanceado. Entretanto, embora seja um quebra-cabeça precioso, ele perde a espontaneidade ao longo do filme. 

O filme Raymond & Ray pode ser classificado como um “road movie”, entretanto, ele não chega nem perto de se classificar como tal. Isso porque, os trechos que acontecem na estrada são mínimos, mas empurram o telespectador a uma transformação típica ao gênero. 

Para que ocorra a mudança interna da realidade, a fórmula simples e reducionista é imposta no longa. Isso está distante de ser realidade. Mesmo que o produtor deixe claro que não há como evitar a dosagem de açúcar, o filme não pode ser desprezado pelo incrível trabalho do elenco. 

Marasmo

Em meio a traumas e dores do passado, os irmãos se transformam em figuras distantes. Raymond é uma pessoa metódica, com emprego e três fracassos de casamento. Por outro lado, Ray é viciado, rebelde e sem papas na língua. 

Em determinado momento do filme, a dupla começa a entender a função deles no funeral, que é cavar e enterrar o pai. Entretanto, devido às inúmeras feridas e marcas profundas, eles transparecem uma dinâmica de acerto de contas tardio. 

O filme cai no marasmo de plots twists desnecessários, com alívios cômicos que muitas vezes não se encaixam no drama. Enfim, vale a pena assistir ao longa, principalmente pela dinâmica que existe entre os atores. Entretanto, quem rouba a cena é Maribel Verdú, personagem livre e desimpedida. 

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